segunda-feira, outubro 17, 2011

Vida Água




Uma nova pedra no caminho, que fere, maltrata, contorna seu rosto límpido. Nosso rosto límpido. Tornado abatido, turvo, inquieto com o barulho das corredeiras. A cada nova curva: uma perda. Vales sinuosos que levam, deixam parte de nós. Mudados seguimos em frente, sempre correndo, sempre em frente. Mais velozes a cada novo desafio, num misto de angústia e coragem nas cachoeiras, sem medo da queda, a água corre e sublima todas as imperfeições.

O longo desta corrida interminável ganhamos cores, cheiros, sabores. Largamos a transparência. O cristalino de nossas almas agora tem impurezas, ou seria mais valor? Sempre água de nascedouro é admitir a inocência, é não viver uma vida comum, é privar-se de perder a si mesmo para encontrar novos eus. É dar vazão ao desejo sumir no desespero, simplesmente enfiar-se na terra e esperar ser um dia descoberto por um poço até termos nosso valor hidratante reconhecido. Esperar a vida não faz.

Então, porque vivemos a buscar o translúcido? Mesmo sabendo que um dia vamos chegar ao mar azul, salgado, imenso e devastador?

Um comentário:

  1. Lindo! Adoro sua forma de enxergar as coisas. não me lembro de você por "Beth", mas de alguma forma sei que conheço a autora desse blog :) Dá uma olhada no meu e diz se você me conhece também?
    Beijos, fica com Deus ;*
    Link - ariealitys.blogspot.com

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