sexta-feira, maio 20, 2011

O dia depois de hoje.

Dói te ver feliz, dói porque eu queria que você sentisse a minha falta, eu queria suas lágrimas de saudade. Eu queria mesmo a culpa consumindo seu peito, seu juízo, que se tornasse a sua dor de cabeça, sua inquietude, sua ânsia de vômito.

Mas não é assim, você parece sorridente sem mim. É como se eu nunca tivesse existido. Como se sem mim você até ficasse melhor. Seu sorriso não mudou nem um pouco, eu acho até que ficou mais branco e mais reluzente.

Odeio ter tantas coisas em comum, odeio procurar uma música pra distrair e encontrar todos os discos que você me apresentou. Parece que não existia Eu sem você, dispensei tanto de mim que fui consumido pela sua fome. E como todo o alimento, fui descartado depois da digestão. É exatamente assim que me sinto.

Não é justo que eu fique aqui em dilaceramento enquanto sua gargalhada ecoa. Não é justo que você seja a causa da minha dor, quando foi você, e só você, quem escolheu o fio de corte e o apunhalamento. Não é justo me sentir nada quando você foi tudo na minha vida. Não é justo eu ficar aqui por você.

Escrevi muitas páginas para você, guardei-as com cuidado, decorei com suas fotos, te pedi uma assinatura. Agora estou bem para uma nova brochura, sem as suas linhas exatas, sem esta mania de canetas coloridas. Nesta última folha, eu deixo apenas este relato, do dia em que eu escolhi um novo caderno.

3 comentários:

  1. Você tem andado muito bem inspirada para escrever! Parabéns!

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  2. Senti meu peito esmagado ao ler. Provocou. Obrigada. Parabéns.

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  3. LINDO! =) Amei, Betxh! Parabéns e sucesso sempre. ;**

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