sexta-feira, setembro 03, 2010

E tenho dito.

Outro dia eu cheguei a umas conclusões de perspectiva ruim. Assim, as últimas semanas foram bem conturbadas quanto a discussões com amigos, não que estejamos brigando, mas falamos muito sobre sentimentos e desejos.

Eu me integro aos amigos de longa data, eles se tornaram meus pedaços. Amo os amigos de poucos anos. Vivo uma paixão com os amigos recentes. Independente do tempo de amizade, eles me ganharam por serem transparentes, por me permitirem chegar perto, na mesma medida que eu me mostrava.


Até aí está tudo ótimo. Lindo. Perfeito. Então cadê as "conclusões ruins"?

As benditas conclusões chegaram ao me deparar com um comentário de um amigo recente, que de tão recente eu só posso admirá-lo a distância. "Gata, a senhora é intensa. Quase uma avalanche." Nas palavras dele. Lendo isso, eu me imagino uma pessoa forte, dinâmica, independente e com um conteúdo admirável.  E de fato sou, pelo menos um pouco de tudo isso. (minha auto estima me impede de pensar o contrário). 

Comecei a pensar que o problema esteja em mim. Mostrar todo o meu interior, minhas imperfeições, provocou uma reação inesperada, pelo menos por mim. Os amigos mais próximos, me tratam como se eu fosse um cristal, uma película delicada. Eu sei que não vou quebrar, sou vaso ruim. Quase nada me abala. Sofro por um máximo de 3 dias, sofrimento intenso, choroso, dolorido. Depois desse resguardo curtíssimo, volto a sorrir como se nada houvesse acontecido.

Uma vez um desses amores fraternos me disse: "Você é pura felicidade" e ainda tornou a repetir: "Oi, tudo bem? Claro, você sempre está bem." Antes mesmo que eu pudesse responder qualquer coisa. Isso fez parecer tão fingida a minha alegria. Tão frívola, desinteressante, quase um escudo. 

Mas é a verdade, não a parte do fingimento, mas eu sempre estou bem, se não, estou busco formas de estar. Não consigo viver em amargura, rancores, ruminando uma tristeza que só deixa minha pele horrorosa. Isso não quer dizer que eu tenho memória de peixe, ao contrário, não esqueço de quase nada que me entristece, eu simplesmente tomo outros caminhos. O mundo tem tantos, há tantas possibilidades, pra mim não existe razão para se manter caminhando num túnel que não há luz.

Sendo eu, alguém tão bem resolvido com a felicidade, aparentemente tão forte e imponente, porque me tratam como se não suportasse a vida real? E isso é uma dinâmica comum entre os pedaços, os amores e as paixões. Não pode ser superproteção comunitária... então deve ser EU.

EU me mostro como uma rosa dentro de uma cúpula. Inclusive, esta foi a forma que um pedaço me desenhou anos a trás. Um dia desses recebi uma reclamação: "-Era muito óbvio que você estava dando em cima de mim. -Puts! eu sou carinhosa cara... Sinto muito se nínguem te oferece cafunés."

Recuso a opção racionamento de cafunés, me recuso a não ser transparente, não quero e não aceito ser "menos" eu porque as pessoas não entendem. Prefiro ser tida como vadia chorona.

E tenho dito.



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